A Liga Europa definitivamente não é uma Liga dos Campeões. Não tem
exatamente os melhores jogadore do continente, as maiores premiações ou a
mesma grife. Mas o fato é que o Chelsea é novamente campeão europeu.
Depois de Didier Drogba brilhar na conquista sobre o Bayern de Munique,
há um ano, na Allianz Arena, o herói da vez foi sérvio: graças ao gol do
zagueiro Branislav Ivanovic, aos 48 minutos do segundo tempo, os Blues
derrotaram o Benfica, por 2 a 1, nesta quarta-feira, na Amsterdã Arena,
para levantarem o único dos oito troféus que disputaram na temporada.
Jogadores posam com a taça da Liga Europa: Chelsea é novamente campeão europeu (Foto: AFP)
Fernando Torres, talvez o melhor jogador dos ingleses no torneio, abriu o placar aos 14 da etapa final. Óscar
Cardozo,
de pênalti, descontou para os portugueses, que voltaram a sofrer com a
síndrome dos acréscimos: no último sábado, no clássico contra o Porto,
pelo Campeonato Português,
o brasileiro Kelvin anotou o gol da vitória aos 46 e deixou os Dragões mais perto do título.
Desta forma, o Chelsea termina sorrindo uma temporada que começou
esperançosa e se desenhou drástica com as decepções no Mundial de
Clubes, Supercopas, Copas, Liga dos Campeões e o Campeonato Inglês. O
troféu só veio no oitavo e último torneio que disputou, e sob o comando
do interino Rafa Benítez, que deixará o clube ao fim da temporada. O
substituto provavelmente será o português José Mourinho, que terá o
direito também de disputar a Champions em 2013/2014 pelos Blues depois
da classificação através da Premier League.
Apesar de a partida contar com muitos brasileiros, apenas três deles
festejaram: o zagueiro David Luiz, o volante Ramires e o meia Oscar,
todos titulares pela equipe inglesa. O camisa 8, surpreendentemente não
convocado por Felipão para disputar a Copa das Confederações com a
seleção brasileira, foi o que menos se destacou em campo do trio. No
Benfica, o zagueiro e capitão Luisão e o atacante naturalizado espanhol
Rodrigo Moreno começaram jogando, enquanto o defensor Jardel e o
centroavante Lima entraram na etapa final.
Não bastasse mais um castigo no fim, o Benfica ainda terá de conviver
com a "maldição" de 1962. Foi o ano em que o técnico húngaro Béla
Guttmann, chateado por não receber um aumento, deixou o então melhor
time da Europa e, dizem as más línguas, rogou uma praga contra o time.
Desde então, os encarnados nunca estiveram no topo da Europa - a última
vez foi justamente em 62, quando derrotou o Real Madrid de Puskas e Di
Stéfano com a ajuda do craque Eusébio.
Em âmbito nacional, o Benfica ainda pode comemorar duas vezes na
temporada. A primeira delas neste domingo, embora parece menos
improvável, já que o Porto precisa de uma simples vitória sobre o Paços
de Ferreira para se sagrar campeão português. Na final da Taça de
Portugal, os encarnados enfrentarão o Vitória de Guimarães no próximo
dia 26.
O argentino Enzo Pérez chora ao apito final na Amsterdã Arena: Benfica de novo foi castigado no fim (Reuters)
Benfica pressiona, mas não marca
Pode parecer ironia, mas mesmo inferior em boa parte do primeiro tempo,
o Chelsea foi quem desceu para o intervalo na Amsterdã Arena com a
sensação de ter chegado mais perto do gol. Chances criadas foram poucas
por parte de uma equipe que sentia a falta de Hazard, um dos melhores
jogadores da temporada na Inglaterra. Quando esteve livre, porém, Oscar e
Lampard não pensaram duas vezes antes de chutar. E colocaram o goleiro
Arthur para trabalhar bem.
Os méritos do Chelsea pararam por aí. Com maior posse de bola (55%) e
mais do dobro das finalizações (8 a 3), o Benfica rondou a área de Petr
Cech o suficiente para causar calafrios em Rafa Benítez no banco de
reservas. O espanhol, contratado interinamente durante a temporada para
substituir o ídolo Roberto Di Matteo, sofria pressão até nas
arquibancadas. Faixas e gritos da torcida pediam pelo português José
Mourinho, provável novo técnico do time a partir da próxima temporada.
O paraguaio Cardozo, artilheiro dos encarnados na Liga Europa, era
naturalmente o mais perigoso em campo. Muito embora não tenha conseguido
concluir com espaço, como aos 11, quando viu a bola sobrar para Salvio
explodir na defesa. Aos 32, Cardozo só olhou: Melgarejo foi à linha de
fundo e cruzou para Gaitán, que bateu colocado, por cima. Cinco minutos
depois, Lampard aproveitou o espaço na intermediária e mostrou que numa
jogada isolada os Blues poderiam se dar bem. Artur quase se enrolou com a
curva da bola, mas espalmou para escanteio.
David Luiz atuou novamente como volante no Chelsea de Rafa Benítez (Foto: Getty Images)
Torres abre o placar na Amsterdã Arena
O panorama parecia seguir o mesmo na etapa final, com o Benfica
marcando à frente e forçando o erro do Chelsea na saída de bola.
Irreconhecíveis, os ingleses sofreram um primeiro baque aos sete
minutos, quando Rodrigo Moreno cruzou da direita para Óscar Cardozo
cabecear para as redes. O paraguaio, no entanto, estava poucos
centímetros adiantado - o árbitro Björn Kuipers assinalou corretamente a
infração.
Numa segunda ironia daquelas que só o futebol prega, o Chelsea abriu o
placar. Aos 14, Cech repôs a bola com as mãos para Mata, que deu um leve
toque no meio-campo. Torres cumpriu a função de pivô e avançou em
velocidade até a grande área. Ele ainda escapou da marcação de Luisão e
driblou Artur até chutar para marcar o seu sexto gol no torneio.
Benfica reage, mas Chelsea leva o título aos 48
Lampard comemora: maior artilheiro do clube foi o
capitão do Chelsea na ausência de Terry (Reuters)
Jorge Jesus sentiu o golpe e viu que precisava mexer. Ao contrário do
último sábado, quando sofreu o gol da derrota para o Porto nos
acréscimos e protagonizou uma das imagens mais marcantes do ano ao
desabar de joelhos, o treinador reagiu rápido. Coincidência ou não, os
encarnados logo chegaram ao empate com Ola John e Lima em campo. Aos 21,
Azpilicueta cortou cabeçada com o braço direito. Pênalti que Cardozo
cobrou com força para igualar o marcador, embora tenha comemorado
timidamente por sentir câimbras na perna esquerda.
O paraguaio chegava aos sete gols - e estava a um de se igualar a
Kozak, que atuou na fase de grupos pelo Lazio. Aos 36 o oitavo quase
saiu, mas Cech praticou grande defesa e evitou o que àquela altura
poderia ser o gol do título. Do outro lado, Lampard também quase sentiu o
gostinho de se tornar o herói, mas seu chutaço de fora da área
caprichosamente acertou o travessão, já aos 42 minutos.
Quando a prorrogação se aproximava, os Blues chegaram ao gol que
sacramentou o título: aos 48, Mata cobrou escanteio da esquerda, e
Ivanovic subiu sozinho para escorar para o fundo das redes. O Benfica
por muito pouco não forçou o tempo extra na sequência, mas Cahill salvou
o Chelsea com um carrinho na pequena área. Merecida ou não, a festa foi
dos ingleses, para o desespero de quem tornou rotina o sofrimento nos
acréscimos nos últimos dias.
Ficha técnica:
Benfica: Artur, André Almeida, Luisão, Garay (Jardel) e
Melgarejo (Ola John); Matic e Pérez; Salvio, Gaitán e Rodrigo (Lima);
Cardozo. Técnico: Jorge Jesus.
Chelsea: Cech, Azpilicueta, Ivanovic, Cahill e Ashley Cole; David Luiz e Lampard; Ramires, Mata e Oscar; Torres. Técnico: Rafa Benítez.
Gols: Torres, aos 14, Cardozo, aos 23, e Ivanovic, aos 48 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Oscar (Chelsea), Garay e Luisão (Benfica).
Estádio: Amsterdã Arena.
Data: 15/05/2013.
Árbitro: Björn Kuipers (HOL).Fonte G1