Caso Isabella Nardoni

Caso Isabella Nardoni

Menina de 5 anos morreu após ser atirada do 6º andar do prédio onde o pai morava. Ele e a madrasta foram acusados e estão presos

Fernando Serpone, especial para o iG | 02/06/2011 07:00
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Em março de 2008, Isabella Nardoni, de cinco anos, morreu após ser jogada do sexto andar de um prédio na zona norte de São Paulo. Seu pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, foram condenados pela morte e estão presos. O casal alega inocência e tenta recorrer da decisão. O crime gerou grande comoção popular. Vários episódios do caso foram marcados por manifestações pedindo justiça.
Na noite de 29 de março de 2008, Isabella foi jogada da janela do apartamento onde moravam seu pai, a mulher e os dois filhos do casal. A menina estava sob os cuidados do pai, com quem ficava a cada duas semanas.

Em um Ford Ka, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá chegam ao Edifício London, onde moram, às 23h36. Os dois filhos do casal e Isabella estão no carro com eles
Foto: Arte/iG
Em um Ford Ka, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá chegam ao Edifício London, onde moram, às 23h36. Os dois filhos do casal e Isabella estão no carro com eles
Na mesma noite, a polícia descartou a hipótese de acidente: a tela de proteção da janela havia sido cortada. O pai e a madrasta passaram a madrugada depondo, cada um dando a sua versão para o fato. O casal afirmou que havia ido ao mercado com as crianças, conforme foi comprovado pelas câmeras de segurança do local. Ao retornarem, Alexandre subiu primeiro com Isabella, que havia dormido no carro. Ele a colocou na cama, trancou a porta do apartamento e desceu novamente para buscar os outros filhos, que aguardavam dentro do carro com a mãe. Disse que não havia nada de anormal no apartamento.
Ao subir novamente, pai e madrasta viram que Isabella não estava na cama. Foi quando perceberam que a tela do outro quarto estava cortada e que a menina havia sido jogada. Alexandre então ligou para o seu pai. O casal desceu e começou a gritar – Anna Carolina pedia para chamarem o resgate, enquanto Alexandre dizia que não era para ninguém sair nem entrar no prédio pois havia ali “um ladrão”. Segundo Alexandre, alguém que tinha uma cópia da chave entrou no apartamento no momento em que ele se ausentou.

Foto: Reprodução
Ana Carolina Oliveira com a filha Isabella Nardoni
Dois dias depois, a polícia afirmou que gotas de sangue foram encontradas pelo apartamento. Segundo laudo preliminar feito do Instituto Médico Legal (IML), a menina foi estrangulada antes de ser jogada pela janela. Posteriormente, peritos concluíram que Isabella, além de sufocada, também sofreu agressões antes de ser lançada.
Vizinho contou à polícia que ouviu gritos de uma criança dizendo “para, pai” antes de Isabella ser jogada. Disse ainda que o casal brigava constantemente e que, antes do crime, os dois tiveram uma briga “de desespero”.
No dia 2 de abril, a prisão temporária do pai e da madrasta foi decretada por suspeitas de envolvimento na morte de Isabella. Eles se entregaram e divulgaram cartas nas quais alegavam inocência. “Todos estão me julgando sem ao menos me conhecer”, escreveu o pai. “Amo ela como amo aos meus filhos”, afirmou a madrasta.
Após oito dias presos, Nardoni e Anna Carolina foram libertados por um habeas corpus. Na saída da delegacia, uma multidão os esperava gritando “justiça”.
Com o avanço das investigações, peritos encontraram resíduos da tela de proteção na roupa de Alexandre e sangue de Isabella em sua bermuda. Segundo a polícia, a tela foi cortada pelo assassino e não havia indícios de uma terceira pessoa na cena do crime.

Foto: AE
Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni no dia em que foram presos
Em depoimento, Ana Carolina de Oliveira, mãe de Isabella, disse acreditar que o casal estava envolvido na morte de sua filha. Ana Carolina disse ainda que ela e sua mãe já haviam sido ameaçadas de morte por Alexandre. O motivo foi terem matriculado Isabella em uma escolinha sem que ele fosse consultado. Familiares de Ana Carolina confirmaram seu depoimento e disseram que desaprovavam à época o relacionamento dela com Alexandre.
No dia 18 de abril, o casal foi indiciado pela morte da menina. Na mesma data, a polícia afirmou que havia sangue de Isabella no carro de Alexandre. Em maio, a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público contra o casal, que voltou a ser preso.
Para a polícia, Isabella foi ferida na testa com algum objeto pontiagudo, como uma chave, quando ainda estava no carro. Ao subir com a menina para o apartamento, uma fralda teria sido usada para estancar o sangue. Uma vez na sala do apartamento, Isabella teria sido estrangulada por cerca de sete minutos por Anna Carolina enquanto Alexandre cortava a tela de proteção da janela do quarto.

A menina então teria sido levada por Alexandre até o quarto. Ela ainda estaria viva, mas inconsciente. Após subir na cama rente à janela, o assassino teria segurado Isabella pelos pulsos e, com o corpo dela virado para ele, jogou a menina do sexto andar. Isabella caiu de lado no jardim do prédio. Ao ser encontrada, ela ainda estava viva, com a bacia e o punho direito fraturados, mas morreu a caminho do hospital.
Em março de 2010, Alexandre e Anna Carolina foram levados a júri popular. Após cinco dias de julgamento, o juiz Mauricio Fossen sentenciou Alexandre Nardoni a 31 anos, 1 mês e 10 dias de prisão, e Anna Carolina Jatobá, a 26 anos e 8 meses. Eles foram condenados por homicídio triplamente qualificado – “pelo meio cruel (asfixia mecânica e sofrimento intenso), utilização de recurso que impossibilitou a defesa da ofendida (surpresa na esganadura e lançamento inconsciente pela janela) e com o objetivo de ocultar crime anteriormente cometido (esganadura e ferimentos praticados anteriormente contra a mesma vítima)”, de acordo com a sentença.
Houve também o agravante de a menina ser menor de 14 anos. Alexandre recebeu uma pena maior pois o crime foi contra sua própria filha. Os dois ainda foram sentenciados a 8 meses de detenção em regime semiaberto por fraude processual, por terem alterado a cena do crime. Na sentença, o juiz afirmou que as penas ficariam acima da base definida no Código Penal em razão da "culpabilidade" do casal e das circunstâncias, em que os réus, disse, demonstraram "frieza emocional e insensibilidade acentuada".
Em abril de 2010, o juiz negou novo júri e, em setembro do mesmo ano, o Tribunal de Justiça negou recurso para anular o julgamento do casal, que está preso em Tremembé.Fonte Ig

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