08/01/2012 20h34 - Atualizado em 08/01/2012 21h02
Com muleta, deficiente físico conclui 10 Km e comove Corrida de Reis
Odair cruzou a linha de chegada apoiado em muleta e exemplo provocou reação no público. Aplausos e choro misturaram-se na prova em Cuiabá
O exemplo de superação demonstrado pelo participante Odair, de 38 anos, comoveu torcedores, corredores e parceiros envolvidos na prova deste domingo (Foto: Leandro J. Nascimento/GLOBOESPORTE.COM)
Em meio à multidão amarela que cruzava a linha de chegada da maior prova de rua do Centro-Oeste, a Corrida de Reis, um homem tornou-se exemplo de superação. Diferente dos atletas de ponta, que precisaram de pouco mais de 30 minutos para percorrerem os 10 Km entre as cidades de Várzea Grande e Cuiabá, o então desconhecido comemorou o fim de mais uma etapa sem se importar com as duas horas e quarenta e dois minutos gastas no percurso. O sentimento de emoção misturou-se às lágrimas nos olhos.Odair Lopes, 38 anos, morador de Várzea Grande, na região metropolitana, participou da prova na categoria especial. Deficiente físico, ele mostrou que mais do que subir ao pódio, o importante é celebrar o dom da vida. A muleta foi o instrumento utilizado por ele para superar a dificuldade em andar.
O esporte mudou a vida do mato-grossense, conforme define o próprio Odair. Ele cita que em 2006 perdeu o movimento de uma das pernas após um erro médico durante procedimento cirúrgico.
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- Foi em 17 de julho de 2006. Eu estava trabalhando em um domingo quando senti uma dor. Um formigamento e entrevou minhas pernas. Fui para o hospital e o médico falou que tinha que fazer uma cirurgia e cortou os nervos da minha perna – contou.- Nono na São Silvestre, Giovani fica em 3º na Corrida de Reis: 'prova feliz'
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Odair é amparado logo após completar prova em
Cuiabá (Foto: Leandro J. Nascimento)
O problema detectado tratava-se de uma hérnia de disco.Cuiabá (Foto: Leandro J. Nascimento)
- Era pequena e disseram que em 15 dias eu voltaria a andar normalmente. Estou há quase seis anos assim. Durante um ano e seis meses fiquei com as pernas paralisadas- , expressou.
- Como a perna paralisa mais do lado direito eu uso a bengala - frisou.
A chance do recomeço deu-se quando Odair começou um tratamento no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, especializado na reabilitação de pacientes com alguma deficiência na coordenação motora. Ao mesmo tempo em que reconquistava o movimento do membro inferior, o mato-grossense via aumentar o desejo de viver.
- Estava cheio de diagnóstico e me encaminharam para o Sarah [hospital]. Lá voltei a andar. Quatro meses que fiquei internado lá fui para a bengala. Hoje, estou firme e forte – acrescentou o participante da Corrida de Reis.
Antes do problema, Odair participou por seis anos da Corrida de Reis no pelotão geral. Mas em 2008 ele mudou para a categoria especial. Naquele ano, a prova reservaria surpresas.
- Quando fiz minha inscrição me emocionei bastante porque pensei que ia tentar uns três ou quatro quilômetros, mas insisti. Foi com persistência, caindo e levantando que consegui chegar ao fim do percurso. Aí voltei para o atletismo e não vou parar – citou.
O mato-grossense pretende ir longe participando de provas de rua. E é enfático ao afirmar isso.
- Enquanto estiver vivo vou correr – pontuou.
Recado
Se a deficiência física representa limitação, incapacidade, Odair tem um modo diferente de pensar e deixa um recado.
- Coloque objetivo na vida. Não é porque é deficiente que precisa ficar trancado dentro de casa. Temos que olhar para trás porque tem gente pior que nós. O importante é superar o desafio – concluiu.
Nos 10 Km, Odair superou além da limitação física, a elevação do percurso da Corrida de Reis, a partir do Km 4 da prova. O exemplo de Odair contagiou. Ele ultrapassou a linha de chegada rodeado de outros corredores que diminuíram o ritmo para ver passo a passo, a força de vontade do atleta. Fonte Globo Esport
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