Rainha da Mocidade, Fontenelle promete 'sambar na c

publicada há 2 horas atualizada há 1 horas

Rainha da Mocidade, Fontenelle promete 'sambar na cara' dos críticos

Atriz diz que nunca pensou em desistir do posto, que não pagou pelo cargo e mostra o corpão na série ‘Operárias do Carnaval’, do EGO.

Eliane Santos do EGO, no Rio
Antônia Fontenelle costura no corpo seu amor pela Mocidade: 'Vou fazer bonito para ele' (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)Antônia Fontenelle costura no corpo seu amor pela Mocidade: 'Vou fazer bonito para eles' (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)
Muita gente recebeu com desconfiança o nome de Antônia Fontenelle para rainha de bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel. Depois, a desconfiança deu lugar a críticas, algumas ferozes, como a que comparou a atriz e produtora a água de salsicha. Mas Antônia Fontenelle diz que não está nem aí, que tem samba no pé, a confiança de sua comunidade e que só se preocupa em não decepcioná-la.

“No dia em que isso foi publicado, o presidente me ligou com medo que eu pudesse desistir. Imagina se eu vou desistir por causa de crítica de gentinha? Se fosse assim, não teria conseguido nada na minha vida. O sertanejo é antes de tudo um forte”, diz ela evocando a frase de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha e suas raízes nordestinas.
E é com base nessa força que a atriz topou posar com elementos ligados ao mundo das costureiras dos carnaval na série de ensaios “Operárias do Carnaval”, do EGO, que vai transformar uma rainha de bateria do grupo especial em um profissional que atua nos barracões das escolas de samba. Antônia também falou de seus projetos na escola, da ala dos artistas que está organizando e nos preparativos para o carnaval.
Antonia Fontenelle em ensaio de carnaval para o EGO (Foto: Marcos Serra Lima / EGO)No melhor estilo "Pele que Habito", filme de Pedro
Almodòvar, a atriz costura o amor pela escola no
corpo (Foto: Marcos Serra Lima / EGO)
Como você foi parar na Mocidade?
Não sei (risos)! A estilista Valéria Costa me ligou pra dizer que estava sendo sondada para ser rainha, e saber se eu topava. Marcamos uma reunião lá em casa, o presidente da escola foi e terminou o papo  dizendo que tinha dúvidas em me escolher como rainha por causa da confusão que deu para definir uma pessoa para o posto em 2012, que ele chegou a cogitar não colocar ninguém, mas que tomou a decisão depois da nossa conversa, por causa da minha simpatia.
Perguntei a ele o que exatamente envolvia ser rainha de bateria da escola, ele disse que eu teria que ir volta e meia na quadra, olhar as necessidades da Estrelinha, que é a escola mirim da Mocidade, e participar dos ensaios. Falei para ele que ouvia que uma fantasia de rainha custava R$ 30, 40 mil, e que não tinha isso. Ele disse para eu ficar tranquila, que mais para frente conversaríamos sobre isso. E é isso. Tudo muito inusitado, né? Como assim Antônia rainha de bateria? Ela não é de carnaval, ela não é gostosa – porque a ideia que o povo tem de gostosura é muita perna e muita bunda. Agora eu sei ficar bonita e gostosa.  Eu me sinto como se tivesse sido convidada por uma grande companhia de teatro para um grande papel. E eu aceitei! Não ia dizer não para isso jamais. Mas nunca fiquei em casa sonhando em ser rainha de bateria. Já me perguntaram se eu pagaria para ser rainha, respondi que, se fosse um desejo meu, e seu tivesse dinheiro, pagaria, sim. E daí? Infelizmente não tenho.
Então você não pagou?
Não paguei! Ainda não tenho nem fantasia pronta ainda. Estou fazendo o que posso para ajudar a escola. Como por exemplo, uma lista de amigos famosos para montar uma ala dos artistas. Acho que vai ajudar a trazer mídia para a escola. Entre eles estão Murilo Rosa e Fernanda Tavares, Victor Dzenk, Carlos Tufvesson e André Piva, Eriberto Leão e Andréa Leal. O que posso fazer, estou fazendo.
Antonia Fontenelle em ensaio de carnaval para o EGO (Foto: Marcos Serra Lima / EGO)'Vou dar uma sambadinha na cara de quem acha que
não sei sambar (Foto: Marcos Serra Lima / EGO)
Mas as pessoas estão pegando no seu pé. Como você lida com as críticas?
Eu vejo como um sucesso absoluto, graças a Deus. Essa artilharia, que na cabeça deles é pesada, mas na minha só reforça que está dando bafo (risos). Vários setores da escola estão felizes comigo. Das pessoas que me interessam, vejo verdade nos olhos e me emociono muito. E é isso que interessa. Tem essa artilharia pesada? Mas é de meia dúzia, e não me interessa.
Já pensou em desistir do posto?
Eu estava quieta, eu não paguei, e se tivesse pago, iria fazer questão de dizer que paguei pelo trabalho. No mais, não tenho rabo de palha e não tenho medo de passar pelo fogo. Cresci ouvindo minha mãe dizer que prego que não toma martelada, não se destaca. Por exemplo, descobriram que meu nome era Irene e que eu era morena. E daí? Já tinha falado isso no Jô Soares. Nasci em Brasília, filha de uma cearense, e com dois meses de idade fui adotada, mas nasci enrolada no cordão umbilical. E, reza a lenda nordestina, que tem que colocar o nome de Antônia. Daí mudaram meu nome.
Depois disseram que eu tinha nariz de batatinha. Mudei, sim! E daí? Se eu quiser raspar a cabeça, eu raspo, se quiser colocar cabelo até a bunda, coloco. É tudo meu (risos). No dia que saiu a coisa do apelido, o presidente da escola me ligou superpreocupado, com medo de eu me sentir ofendida e abandonar o posto. Falei: presidente, relaxe! Quem me conhece sabe que sou forte, consistente e gostosa como a feijoada da Tia Nilda. Esse tipo de coisa não vai me abalar. Não sou de desistir. Quer falar, falem! Não estou nem aí! Morram! Vou entrar no dia 19 de fevereiro na avenida e vou fazer um trabalho belíssimo na frente da bateria e quem quiser que se acostume com essa ideia (risos).
Qual a sua estratégia para enfrentar as criticas?
Não tenho estratégia. Sou assim. Se quiser me decifrar é só ler a tatuagem que tenho no meu ombro e que diz: “Posso ser anjo ou demônio: você escolhe”. As pessoas não querem assumir que elas são anjos e demônios. Se você for legal comigo, vou te devolver na mesma moeda. Se não for, também. Não sou Madre Teresa de Calcutá. Por ser assim, as pessoas querem me transformar na polêmica. Ser polêmica é uma coisa, ser verdadeira é outra.
Qual o lado bom de ser rainha?
Saber que você está trilhando um caminho que te faz digna de receber a confiança de uma escola como a Mocidade de Padre Miguel. Isso é bom demais.
Que recado você manda para quem te bota apelido, que acha que você vai ser o mico do carnaval ou que não tem nada a ver com o samba?
Que nada disso vale a pena. Essas pessoas ganham tão pouco para me criticar, que nem vale a pena comentar. Para mim é tudo ladrão de galinha (risos).
Antonia Fontenelle em ensaio de carnaval para o EGO (Foto: Marcos Serra Lima / EGO)Antonia Fontenelle: 'Vou fazer bonito pra eles'
(Foto: Marcos Serra Lima / EGO)
Que recado você manda para comunidade da Mocidade?
No primeiro dia que fui na escola, falei e tenho isso comigo até hoje. Sei que ninguém consegue agradar a gregos e troianos, mas sei que a maioria da comunidade está comigo. Eles sabem que estou me esforçando, me empenhando, e assumi um compromisso com a Mocidade. Não vou lá para pagar de bonita, só aparecer. Vou lá para fazer bonito para eles.
O que você está fazendo de preparação de rainha de carnaval?
Estou tentando intensificar minha malhação, mas estou trabalhando demais. As pessoas dizem: mas você trabalha com o que? Eu produzo! Estou tentando levantar R$ 10 milhões para um filme, tenho uma reunião atrás da outra e estou no samba também ( risos). Gostaria de pegar um pouco mais de massa. Tenho 12% de gordura no meu corpo, que é um percentual de atleta. A Viviane Araújo me deu a dica de comer bastante macarrão à noite e ir malhar no dia seguinte de manhã. Fui fazer isso e fiquei num enjoo que não conseguia dormir. Falei: a receita da Viviane não vai rolar (risos). Vou ficar magrinha mesmo e malhar para ter um bom condicionamento físico na avenida e fazer um bom trabalho.
Está sambando direitinho?
Não sambo como passista, mas depois do meu primeiro ensaio técnico na avenida, fui até elogiada pela comentarista de carnaval Maria Augusta. É como se a Bárbara Heliodora estivesse me elogiando. Acho que estou bem (risos).
Por que aceitou ser rainha de bateria depois de um ano tão difícil, que teve a doença do seu marido?
Tive um ano muito pesado, brigando pela vida do Marcos, e acho que o universo me mandou um presente. Resolvi comemorar. Quando o Marcos estava no CTI, e eu estava lá fazendo brincadeira com os médicos e enfermeiros. Que dirá agora, que está tudo bem. Acho que a vida tem a cor que a gente dá a ela. A Mocidade apostou em mim. Vou desfilar e meu marido vai estar do meu lado.
Já sabe como será a fantasia? Marcos Paulo fez alguma restrição quanto a uma possível nudez?
Vai ser um maiô segunda pele, que vai cobrir peito e genitália (risos). Vou usar bota e um costeiro lindo, tudo nas cores de Portinari. Ele não fez restrição nenhuma. Se eu tivesse que vir pintada nas cores de Portinari, eu viria. Quando o Alexandre Louzada (carnavalesco) me mostrou o desenho da fantasia, disse que tudo bem, colocaria megahair para ficar com cabelão, mas avisei que só não conseguiria ter a mesma perna do desenho, parecia de lutador de MMA (risos).
Você se inspira em alguma rainha para fazer o seu reinado?
Eu me inspiro em Monique Evans, Luma de Oliveira e Luiza Brunet porque ser rainha de bateria não é ser passista. É ser majestosa, é outra coisa. Mas vou dar uma sambadinha só para sambar na cara de quem disse que eu não sei sambar.
Antonia Fontenelle em ensaio de carnaval para o EGO (Foto: Marcos Serra Lima / EGO)Antônia Fontenelle em ensaio de carnaval para o EGO: 'A vida tem a cor que a gente dá à ela'
(Foto: Marcos Serra Lima / EGO)Fonte Ego

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